Minha tia Verônica é a única que levanta a minha moral quando eu não estou bem. Ela é uma mistura de Janis Joplin com Ana Cristina César e o seu humor está sempre mudando, mas mesmo assim ela é a pessoa das frases inusitadas, fortes, do apoio incondicional, daquilo que você precisa ouvir quando nada mais parece dar certo. Ontem mesmo eu estava amargurada, pensando se ainda valia a pena manter o meu relacionamento com o Arnaldinho, meu ficante há dois anos e meio, e ela veio com a seguinte pérola: "O sexo ainda está valendo a pena? Você ainda se sente plena nesse sentido? Então, fuck off o resto. Ela tinha essa mania de inserir expressões em inglês em suas conversas. Nunca estava chateada totalmente, mas just uspet. Não acreditava em namorados, do ponto de vista formal, mas em lovers. E tinha muitos. Sempre mais de um ao mesmo tempo. Gostava de French Fries, Profiteroles e Barbecue, não necessariamente nessa ordem. E só lia literatura de ficção-científica: Ray Bradbury, Arthur C. Clarke, Isaac Assimov... Certa vez lhe perguntei o porquê e ela me disse: "O fim do mundo está próximo, garota, e esses caras perceberam isso muito antes da gente. Não são simples escritores, mas profetas". E eu sempre ficava meio perturbada quando ela dizia isso, mas era só um pouquinho porque logo a seguir ela vinha com alguma palhaçada pra quebrar o clima depressivo.
Ah tia Verônica! Se não fosse a senhora eu estava perdida, sabia?
Ah tia Verônica! Se não fosse a senhora eu estava perdida, sabia?
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