sábado, 13 de julho de 2013

Menina, cê não tá com essa bola toda não!

Você queria exclusividade em tempo integral
no momento em que eu mais estava atolado
de dívidas,
de trabalho,
de compromissos
e depois veio reclamar que eu não te dava
a atenção desejada e devida.
Foi isso mesmo que eu ouvi?
Ora faça-me o favor!
Será que é tão difícil assim entender
que o mundo não gira somente ao seu redor
e o seu umbigo não é a razão de ser
da humanidade caótica e apressada em que vivemos?
Ou será que você também perdeu mais essa aula na escola
porque estava ocupada demais,
toda cheia de si,
fazendo planos de grandeza
e se assoberbando 24 horas por dia
diante de um espelho infame
que se recusa a lhe dizer não?
Garota,
no dia em que você crescer me avisa,
quero estar presente para testemunhar
essa hecatombe global.
Pode me chamar de abusado se quiser,
mas a grande verdade
é que você perdeu o senso de ridículo
em algum momento da sua jornada voraz e solitária
rumo ao sucesso doentio e devastador
onde as almas carentes precisam de apoio
(melhor dizer: puxa-saquismo)
ininterruptamente
já que só assim
se sentem necessárias e disponíveis.
E o resto do tempo você aproveita
para pisar nos outros,
naqueles que quando você mais precisar
serão o seu bote salva-vidas
para longe de uma vida sem sentido e fugaz.
O que mais você quer?
Pedidos de desculpas não funcionam,
ajuda nunca é suficiente
pois seu estilo é caro
e difícil de bancar,
seus pré-requisitos são contraditórios e polêmicos
e quando os defende com unhas e dentes
eu tenho até medo do que pode acontecer com o resto de nós.
O que fazer então para, pelo menos, te entender?
Ainda dá tempo?
De te entender?
Porque senão pelo amor de Deus
me dá um help ou um alô (já basta)
já que eu não sou um ilusionista,
não gosto de jogos de adivinhações,
não sei ler a língua dos sinais
e sou péssimo em leitura labial
para entender esse rol de esquisitices
que você teima em chamar de língua.
E ainda diz que está na onda,
que o atrasado sou eu,
empacado no tempo e na vida.
Quero muito ajudar,
mas assim fica difícil.
Assim não há outro jeito,
senão concordar com a galera
que lhe rotulou dos piores apelidos
todos eles corruptelas da sua vaidade excessiva.
Se enxerga, menina,
e passa a ver as coisas
como elas são de verdade
e não esse espectro opaco de sentimentos vazios.
Acorda enquanto é tempo,
antes que a maré te leve pra bem longe
e você se transforme
em apenas mais uma memória de fim de semana
daquelas que volta e meia
(digamos de dez em dez anos)
retorna em reencontros de turmas de colégio
só para pichar ou lembrar das coisas loucas
que fulano, beltrano ou sicrano
falou, fez ou contou de vantagem em algum momento
e todo mundo acreditava
só pra não deixar a pessoa mal na fita.
É isso que você quer se tornar?
Uma memória barata e motivo de risada?
Um arremedo de gente
que teima em ser a número 1 pra tudo
e não suporta competições,
pois elas ameaçam a sua liberdade
e o seu ir-e-vir tresloucado?
Então, vai fundo.
Mas se não é disso que se trata,
pela última vez,
toma vergonha nessa cara andrógina
e admite pelo menos uma vez
nessa sua vida miserável
mesmo que seja a última
que você pisou na bola e feio
quando quis interferir na vida dos outros
como se tivesse esse direito
de decidir o que é bom ou ruim
para os demais.
Mas faz isso rápido
porque o relógio,
não sei se você reparou,
tá correndo contra você
e faz tempo.
Ele não para pra ninguém,
que dirá para uma patricinha
metida a besta que nem tu.
E aí?
Vai se mexer ou não?

Nenhum comentário: