quarta-feira, 12 de junho de 2013

Modus operandi


Escrevo
escrevo
escrevo
escrevo
e enlouqueço
para logo a seguir
continuar
em minha luta injusta
com o teclado
mesmo sabendo
que ele não tem a menor culpa
de minha loucura literária
e que está aqui
apenas como prestador de serviço
e nada mais
e ainda assim
o castigo
de forma indelével
para que ele me obedeça
e obedeça
e obedeça de novo
pois não sossegarei
enquanto não encontrar
as palavras que creio
serem as mais justificáveis
para exprimir o que sinto
em forma de verso
e depois disso
moldá-las
e ampliá-las
e por que não?
contestá-las
para começar de novo
e de novo
e mais uma vez
numa cadeia sem fim
de linguagens
que se abraçam
e se afastam
num ritual eterno
em busca da sintaxe
senão perfeita
a mais próxima
de encontrar algum tipo
de semântica.
E enquanto não a encontrar
continuarei tentanto
e tentando
e tentando
e por isso
escrevo
escrevo
escrevo
cada dia mais
e com mais intensidade
do que no dia anterior
e mesmo antes desse
e de outros mais.
Por minha escolha
única
por minha máxima escolha
(e culpa)
escrever
até que tenha forças
até não poder mais
até cansar
até que não haja mais sentido
até morrer
morrer
de tanto escrever.

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