Por que é tão difícil
escrever um poema?
Por que é tão difícil
encontrar palavras
onde elas parecem
à primeira vista
não existir
e ainda assim
continuar procurando-as
alucinadamente?
Essa tem sido
a minha vida
nos últimos anos
onde eu inicialmente
havia desistido de tudo
havia desencantado
da própria vida.
E ela a vida
tem a sua culpa
nesse processo
pois não fez por onde
não quis que eu
me aproximasse dela
não quis que eu
a curtisse.
Ela simplesmente
transformou tudo
(leia-se: a minha rotina)
num jogo chato
de cartas marcadas
onde o próprio vencedor
não tem muito
o que comemorar.
Foi então que as palavras
decidiram entrar
(quer dizer, fugir)
da minha vida.
E eu as perseguindo
como um cão sem dono
cão louco
raivoso
a uivar para a lua
e a constelação de Órion
como um ensandecido.
E elas fugindo
e fugindo
e fugindo
perversas
diabólicas
intensas
eróticas
mundanas
irascíveis
as palavras.
Por que elas são assim
tão engimáticas
tão travessas?
Por que brincam comigo
desse jeito
sem jeito
esculhambando tudo
pondo qualquer sentido
de ponta-cabeça?
Por que são sacanas?
Por que me fazem de bobo
e mesmo assim as quero
como nunca quis nada
em toda a minha vida?
É...
Eu devo ter enlouquecido
de vez.
É isso.
Só pode ser isso.
Será que um dia
eu chego ao final
dessa estrada sinuosa?
Será que um dia
terei algo para contar
aos meus filhos e netos?
Será que um dia
terei filhos e netos?
Ou será que
já é tarde demais?
Palavras
perguntas
tantas palavras
tantas perguntas
tudo em excesso
menos as respostas.
Onde elas estão?
Existem respostas?
Servem para alguma coisa
as respostas?
Quando eu descobrir
eu volto aqui
e termino essa loucura
que eu mesmo comecei
de brincadeira
e acabou virando
coisa séria
contra a minha vontade.
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
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